sexta-feira, 21 de julho de 2006

Considerações, Parte I

Depois de mais de uma semana sem postar, venho aqui para colocar minha opinião sobre o rock para vocês. Espero que gostem e entendam a coluna de hoje.
O Passado obscuro do Rock
(Rock will eat itself)

Novidade músical, divisores de águas, etc... Músicas que até então não existiam e que se tornam padrão. Esse é o assunto de hoje, pessoal que lê esse troço. Vou fazer minhas considerações sobre três discos que deviam estar em todas as prateleiras de quem curte a boa música. Todo fã de música alternameba (leia-se essas bandas novas como Franz Ferdinand ou bandas dos anos 80 como Joy Division, Bauhaus e etc.) devia ter. Sem esses três discos, tenha certeza que o rock não estaria na missa de sétimo dia ainda. Já teria virado poeira.

O primeiro é o Low, de David Bowie, que saiu em 1977. Todo aquele esquema Lado A, Lado B. Lado A são as rocker songs, impulsos sonicos de sintetizadores e aquela mixagem perfeita da bateria na sound and vision; o Lado B sendo músicas intimistas, introspectivas, soturnas e todos os adjetivos que você poderia usar se tratando de Joy Division ou The Cure (só pra constar: eu não uso tais adjetivos pra essas bandas, mas a imprensa e "fãs" em geral sim). São músicas com um novo alcance, um novo padrão, uma nova sonoridade. Junções, simplesmente. A+B+C=L. Junção do rock, krautrock, vanguarda eletronica e o pop. Junção do antigo para a criação de algo extremamente novo. O mundo seria diferente sem esse disco, pode ter certeza. Se Bowie cantou Let's Dance nos anos 80, agradeça a esse disco.

O segundo é Metal Box, do infame Public Image Ltd do senhor John Lydon, lançado em 1979,. Se Peter Hook hoje pode fazer suas piruetas no baixo com o New Order, é por causa do PiL e de seu baixista Jah Wobble. O PiL foi a primeira banda a realmente querer colocar o baixo onde ele deveria estar no rock: na frente. E esse disco é o exemplo perfeito disso. Os riffs de baixo desse disco são os mais bem estruturado e inteligentes que você provavelmente já ouviu. Se você não balançar a cabeça nem sentir vontade de dançar com esse disco, você tem problemas. O espirito do Metal Box pode ser definido pelo nome de uma faixa: Death Disco, ou Disco (Music) da Morte. Como disse um amigo meu: "Imagine John Travolta e Olivia Newton-John zumbis dançando naquele tablado dos embalos de sábado a noite, só que num cemitério daqueles de filmes". Bom, não com essas palavras, mas o sentido é esse. E o disco é assim. Joy Division talvez não fosse o mesmo sem esse grande album.

O terceiro é Amnesiac, do Radiohead, lançado em 2001. Bom, porque esse disco e não o Kid A? Ou o OK Computer? Kid A é muito bom, fiquei realmente em dúvida, mas apesar de toda a novidade, não se compara ao Amnesiac. OK Computer é chato e é a adolescencia do Radiohead acabando. O Kid A é a fase pós-adolescencia, dos 18 aos 20 e poucos. O Amnesiac sim, é o disco mais maturo que eles fizeram. E mais abrasivo, mais dificil de engolir. Abre com uma música bem a lá Kid A e fecha com uma música ao velho estilo cabaré, mas atualizado pra versão novo milênio. E no meio? Duas ou três baladas, experimentalismo com músicas invertidas, uma nova versão para uma música do Kid A e mais algumas músicas não-convencionais, mas nem tanto. Bem ao nome da primeira música, as faixas são "embaladas como sardinhas em uma lata amassada". É a evolução do garoto A. A única coisa que me deixa triste é que esse disco não virou padrão (nem o Kid A). Não virou padrão porque ninguém tem coragem de repetir isso. Não virou padrão porque ninguém vai botar a cara pra bater fazendo um disco assim. Não virou padrão porque parece que ninguém consegue fazer algo parecido diferente (se é que me entendem). É uma pena, pois eu acredito que esse deveria ser o futuro do cadaver do rock.

Mas ainda acredito que algum garoto com idéias na cabeça pode mudar o padrão, de novo. Como Ian Curtis fez, como Jim Morrison fez, como Kurt Cobain fez, como Thom Yorke tenta fazer. Mas isso é assunto pra outro post, os anti-heróis músicais que eu tanto gosto.

Um comentário:

  1. OBRIGADA!

    Vc não sabe quanto tempo eu esperei pra ouvir alguém admitir que o OK Computer é um saco!
    Vc é um pioneiro!
    Acho muito sem sal, também prefiro o Amnesiac. Vc pode amá-lo da primeira vez que o ouve ou não gostar nem um pouco, mas uma coisa é certa: Ele não passa batido. Alguma forte impressão é deixada em vc e vc não tem escolha senão ouvir de novo. Ele fica na sua cabeça.
    Belo post!

    ResponderExcluir