quinta-feira, 29 de junho de 2006

Human After All - Daft Punk

Humanos afinal!
(Os robôs franceses querem tocar na sua casa, sua casa)



Daft Punk está tocando em minha casa, já dizia James Murphy do LCD Soundsystem (o primeiro cara a tocar Daft Punk pros rockeiros).

O Daft Punk é composto pelos franceses Guy-Manuel de Homem-Christo e Thomas Bangalter, e eles são considerados uma das duplas de música eletrônica mais bem sucedidos da indústria musical, tanto em vendas e criticas. O duo não é brincadeira: apareceu em '94 com o single "The New Wave" e "Da Funk" (este ultimo aparece também no Long Play de estréia do duo, o Homework). Lançou 3 discos até agora (Homework, Discovery e Human After All), todos eles muito diferentes um do outro. O Homework é mais puxado pro Dance, sem muitas letras; o Discovery é praticamente um resgate do Synthpop, todo melodioso e é o que lançou o Daft Punk à estratosfera (literalmente com o video Interstella 5555: The 5tory of the 5ecret 5tar 5ystem, que depois eu comento); e esse que vai ser comentado aqui hoje que é o Human After All, que contém todos os elementos do Daft Punk mas com muito mais vocoders e efeitos e letras (mas não muitas). E mais pesado e repetitivo também.

As criticas do Human After All foram mistas, e todas notaram o tempo de gravação e de duração do disco (6 semanas e 45 minutos respectivamente), bem menores do que os outros dois discos. E muitos criticaram o fato das músicas serem um tanto quanto repetitivas. Mas como já disse o duo: "Nós acreditamos que Human After All fala por si só". Em '05 o disco chegou ao topo da Top de álbums eletrônicos e no 98º lugar nos 200+, tudo na Billboard. O disco é aquela coisa: guitarra, sintetisadores e bateria eletrônica bate-estaca, mas poucos conseguem fazer do bate-estaca algo realmente bom. E outro fato interessante do disco são os vocoders, que fazem papel de voz, baixo, guitarra e teclado. Se você não prestar muita atenção vai acabar achando que alguns riff são mesmo de guitarra.

Let's go, faixa a faixa como de costume:

1- Human After All: Os robôs são humanos afinal! Os vocoders estão a mil nessa faixa, assim como a guitarra. A base melódica é construida em vocoder e a música fica falando que sim, humanos afinal!

2- Prime Time of your Life: Música estranha, meia quebrada, falando do Horário Nobre da sua Vida. É a faixa menos dançante desse disco. O legal é o final da faixa, que vai aumentando de velocidade conforme o fim da faixa se aproxima. Dá uma sensação de violencia, impossivel de ser dançada. Já viu o clipe? É um dos mais legais e mais bizarros que eu já vi. [Clica no nome da música que voce vai ver o clipe no You Tube. Vou colocar na Robot Rock e na Technologic também]

3- Robot Rock: [Clica no nome e veja o clipe] Rock, Robot Rock! Lembra bastante uma faixa de Disco dos anos 70 versão robótica. Riff poderoso de guitarra, melodia incrivel de vocoders. Impossivel ficar parado ouvindo essa faixa.

4- Steam Machine: A única palavra cantada nos 5'22" de faixa é "Steam", numa voz sussurrada, como a própria palavra (Vapor). E a música é bem como o nome: é uma maquina a vapor dançante.

5- Make Love: Sim, robôs também fazem amor. E a música é literalmente pra isso: fazer amor. Não preciso dizer muita coisa, preciso?

6- The Brainwasher: Depois de fazer amor eles te fazem uma lavagem cerebral! The brainwasher tem um riff que me é extremamente familiar, só não sei onde eu o ouvi. Faixa bem nos moldes Industriais.

7- On/Off: Interlúdio de samplers de 0'19" de duração. Quase uma Don't Sit Down (do disco Space Oddity do David Bowie).

8- Television Rules the Nation: Quando eu ouvi essa faixa me lembrei do clipe da Prime Time of Your Life. Essa faixa seria uma mensagem pra todos que amam ficar vendo televisão. Ela manda na nação...

9- Technologic: [Clique e veja o clipe] Ah, a tecnologia é sensacional! E a letra dessa faixa é parecida com a da Eraser do Nine Inch Nails, só no imperativo. E o mais legal: Só coisas de tecnologia! Compre, Use, Quebre, Conserte, Jogue no Lixo, Mude, Dê um Upgrade e assim vai. O Riff principal da música é o Yeah! Preste atenção. Ah, curiosidade: No clipe, o robô-alien-bebê usado é a parte mecânica do Chucky, o boneco assassino. Sim, ele mesmo.

10- Emotion: E pra fechar bonito, robôs tem emoção! Que bonito! A faixa utiliza o Yeah! da Technologic. Faixa muito bonita. Acho que os robôs são humanos finalmente nessa faixa.


Tá esperando o que pra ir atrás do long play? Vai ter show deles em outubro no Tim Festival. Então, já vá se preparando. Junto com eles vai vir o Yeah Yeah Yeahs (quando eu ouvir o disco de estréia deles escreverei alguma coisa aqui sobre)






P.S: Ah, não esqueci do Interstella 5555: The 5tory of the 5ecret 5tar 5ystem (foto). O esquema desse filme é o seguinte: é a história de uma banda alien chamada Crescendolls que é raptada para a terra. E o melhor de tudo é que a trilha sonora é do Discovery (2º disco do Daft Punk). Cada faixa é um pedaço do filme, e 4 videoclips foram retirados do Interstella: One More Time, Aerodynamic, Digital Love e Harder, Better, Faster, Stronger. Os quatro clipes estreiaram no Toonami (da Cartoon Network) e na MTV. Do cachorro Charles (do clipe Da Funk e Fresh) aos aliens do Crescendolls e agora até o Chucky faz uma ponta nos clipes desses caras. Mais pra frente eu faço um review do Discovery e do Homework pra vocês.

quarta-feira, 28 de junho de 2006

Loveless - My Bloody Valentine

Shoegazing!
(em rosa pra combinar com a capa do disco hehehehe)
Esse disco foi considerado o segundo melhor disco dos anos 90, atrás somente do OK Computer do Radiohead (que mais pra frente eu darei uma comentada) na Pitchfork Media, e chegou ao 219º lugar nas 500+ da Rolling Stone. Estou falando do disco Loveless, do My Bloody Valentine. Nesse disco, a gravadora do MBV gastou nada mais nada menos que 350 mil libras, que hoje, em reais, seria em torno de 760 mil mais ou menos. Isso para uma gravadora indie é muita grana e quase levou a Creation Records (a gravadora do MBV) à falencia. Apesar de todo o investimento, o disco não emplacou nos USA e chegou ao 24º lugar nos charts ingleses. A banda é inglesa-irlandesa e na época da gravação do Loveless eles eram Kevin Shields (guitarra/voz), Bilinda Butcher (guitarra/voz), Colm O'Ciosoig (baterista) e Debbie Googe (baixista). Shields escreveu praticamente todas as musicas, exceto a instrumental "Touched", que é de autoria do baterista O'Ciosoig.

Chega de história, vamos ao que interessa. A música! O disco é extremamente aéreo, vago, intenso... Emocional e não racional. É um disco pra sonhar, acordado ou não. A mixagem foi feita da seguinte maneira: Baixo e bateria ficam no fundo, os vocais ficam no meio do sanduba sonoro e as guitarras ficam em camadas espalhadas pela musica. O esquema é a famosa parede sonora (que foi idealizada por Phil Spector, produziu desde os Beatles até Ramones)que nada mais é do que uma tecnica que consiste em tocar os instrumentos num local que reverbere naturalmente e gravar tudo com alguns microfones colocados no alto da sala, depois mixando tudo junto, criando-se camadas de som. O toque de gênio no Loveless é a voz de Bilinda, angelical, sussurrada, linda. Na faixa I Only Said, Shields canta em dueto com Bilinda. E como um bom disco de Shoegazing, em baixo de toda a massa sonora há uma melodia extremamente pop (garanto que quando você ouvir esse disco você vai cantarolar várias músicas por vários dias).
Na minha opinião pessoal própria (hehehe, eu e minhas piadas sem graça) a capa muitas vezes reflete nas músicas de um disco, e o Loveless prova isso pra mim, pois toda vez que eu o ouço tenho a sensação sinestésica de rosa, da cor da capa. E com o Closer é aquela coisa branca, gelada e de marmore como a estátua da capa...

Mas deixando de lado o que eu penso, vamos falar das letras. As letras são meio surreais, meio pé no chão (meio calabresa, meio muzzarela) falando de amor, sexo e sonhos. Elas são um caso a parte e por esse fato eu irei colocar alguns trechos traduzidos pra vocês:

1- Only Shallow: Macio/Como um travesseiro/Toque ela lá/Onde ela não se arrisca/em algum lugar

2- Loomer: Garotinha/Em seus vestidos de festa/Não gostam/Nada de lá
3- Touched: É, como eu li em um site de letras da banda, uma faixa instrumental bizarra, mas linda (e como é). É a música do baterista O'Ciosoig, como eu já disse anteriormente.

4- To here Knows When (uma das minhas favoritas do disco): Beije/Seu medo/Seu botão vermelho/Cai de sua boca

5- When you Sleep: Quando olho pra você/Oh, não sei o que eu sinto/De vez em quando/E voce me faz rir

6- I Only Said (riff de guitarra lindo): Deitar sobre o céu vermelho de lá/Deitar sob ela, eu quero ela lá

7- Come In Alone: Venha sozinha/Você irá amar/Deixar ir/E eu vou/Te virar/Quando suas esperanças/Me derem dúvidas

8- Sometimes (a minha favorita): Não sei, talvez você não possa me amar agora/ Aqui sozinho, quando me sinto mal também/Lá, onde eu espero amor verdadeiro de você

9- Blown A Wish (exemplo de dream pop perfeito): Mostre-me todas as suas coisas favoritas/Mostre-me que voce é toda minha também/Faça um pedido/Eu darei tudo pra você

10- What You Want: Vire-se e sorria/Não, eles não podem ver através de teus olhos

11- Soon: Acorde/Não tema/Eu quero amar/Você (...)
(...)Volte/Não fique com/Medo de mim/Logo/Que eu vá machucar você/Seus olhos são azuis/Jóias azuis/Yeah, Yeah

Esse disco é de músicas para viajar e sonhar, literalmente. Então, se você não ouviu essa jóia lilás dos anos 90, corra atrás e ouça pois valerá cada milésimo dos 48 minutos e 37 segundos de disco.

terça-feira, 27 de junho de 2006

Closer - Joy Division

Isolados e mais perto do que?
(o quarteto mágico de Manchester e o seu coração e alma)
Pra começar bem, vamos começar com uma das minhas bandas favoritas. Joy Division e seu líder Ian Curtis. Caso você não saiba, Ian Curtis se matou antes da banda atingir o estrelato, um dia antes da primeira turne americana do Joy Division. Com a morte do Ian, Joy Division se tornou New Order e o resto é história. E esse disco, o Closer, é o segundo disco da banda, foi gravado poucos meses antes de Ian se matar (por razões obscuras até hoje, uma das versões é que foi por causa da separação com a mulher e por causa de sua doença). O disco só foi lançado depois da morte dele, criando um grande mito em cima desse disco pelo fato de algumas letras serem um tanto quanto impressionantes quando se sabe do fim trágico do vocalista ("Essa era a crise que eu sabia que viria/Destruindo a estabilidade que eu mantinha" de Passover ou "Mãe eu tentei, acredite/Estou fazendo o melhor que eu posso" de Isolation).

História contada, vamos faixa a faixa:

1 - Atrocity Exhibition: Faixa tribal, a bateria impressiona logo de cara. As letras descrevem uma "exibição de atrocidades" como o titulo diz ("Por entretenimento eles assistem seu corpo se contorcer/Por tras de seus olhos ele diz: eu ainda existo"). A faixa é grande, com 6:06, mas isso não atrapalha nem um pouco. O titulo da faixa parece que vem de um livro de William Burroughs (o beatnik junkie), não tenho certeza disso.

2 - Isolation: Segunda faixa do disco, tem um clima mais eletronico e é uma faixa rápida, a menor do disco com 2:53. Linha de baixo simples, mas beirando a perfeição do sr. Peter Hook. Letra também é um caso a parte, com frases como a já citada acima e "Mas se você pudesse ver a beleza/Dessa coisas que nunca poderei descrever". Um dos pontos altos do disco.

3 - Passover: Como em todas a músicas do Joy Division, linha de baixo impecavel de Peter Hook, a guitarra de Bernard Sumner fazendo seu papel no segundo plano e a bateria sem falhas de Steve Morris. Junto a tudo isso, a letra dura de Ian, com frases como a citada acima e sobre pessoas que mudam sem razão alguma e sobre passar por desertos e areas desoladas mais uma vez.

4 - Colony: Pós-Punk de primeira nessa faixa. Pelo que parece, é sobre as crueldades sobre uma colonia (agora, qual colonia?). Música interessante, mas é a mais apagada dentro do conjunto.

5 - A Means to an End: Essa faixa me lembra bastante a faixa 2 do unknown pleasures (primeiro disco da banda), a Day of the Lords, acredito que seja pela cadencia e as notas das duas musicas serem parecidas. Letra interessante, no fim da musica ele canta "Eu coloquei minha confiança em você". Seria Debbie (viúva de Ian) dizendo isso pra ele?

6 - Heart and Soul: Outro ponto alto do disco. "Coração e alma/Um irá queimar" é o que canta Ian, numa interpretação crooner sombria, bem como a faixa por inteiro. A letra (como em todas as músicas do Joy) é importante: "Existencia - bem, o que isso importa?/Eu existo nos melhores termos que eu posso" e "Um abismo que ri na criação/Um circo cheio de tolos/Fundações que duram por anos/Então arrancadas pela raiz". O que me diz?

7 - Twenty Four Hours: Melhor linha de baixo do disco, 24 hours é mais um ponto alto. Procure a letra pra constatar o óbvio: Ian Curtis era o melhor letrista dos 80's (depois dele, só Morrisey).

8 - The Eternal: Se não a música mais sombria do disco, é a mais bem feita e por consequencia a melhor (na minha humilde opinião). O teclado me lembra muito a faixa-titulo do album Radioactivität do Kraftwerk. A letra tem uma história muito interessante: Ian, na infancia, tinha um vizinho com sindrome de Down da mesma idade que ele. O garoto ficava lá, atras das grades e do portão, aquele era seu mundo. O tempo passou, os dois cresceram, Ian se mudou e então um dia ele passou pela casa do antigo vizinho e viu que nada havia mudado e assim surgiu a inspiração para esta belíssima música, "O Eterno".

9 - Decades: Ultima faixa do disco, pra fechar com chave de ouro um disco impecavel. A primeir frase da música é a seguinte: "Aqui estão os jovens/O peso do mundo em suas costas". Interprete como quiser, diria Ian. O teclado dessa faixa, dizem por ai, foi "roubado" por Renato Russo na faixa "Eu era um Lobisomem Juvenil". Nada provado, vale ressaltar.

10 - Love Will Tear Us Apart (versão brasileira Herbert Richards): Pra quem não sabe, a versão do Long Play brasileiro do Closer vem com a famosa Love will tear us apart. A história é a seguinte, lá em 80, os discos do Joy Division não eram lançados por aqui e a versão brasileira era pirata. Quando a Factory liberou pra ser lançada aqui, eles resolveram que era uma boa idéia deixar a LWTUA. E assim ela ficou. Mas lembre-se, só no Long Play da Stilleto, no CD não existe.

E é isso, grande disco, grande obra prima dos 80's. Se você não ouviu, ainda há tempo (como diria o policial de um episódio do Chapolin).

segunda-feira, 26 de junho de 2006

Start the ilusion, Magician

Bem amigos da internet, começando mais um blog de cultura inutil nessa rede que nos liga de norte ao SUL do país! (aproveitando o clima de copa do mundo, bem Galvão Bueno essa entrada hein?)

Bom, blog é sempre a mesma palhaçada, então vocês já sabem o que esperar de mim.
Logo mais comentarei sobre discos, livros e sobre o que mais andar acontecendo por ai.

Stay junk! E go England!