quinta-feira, 12 de abril de 2007

It's a Procession.

Após anos de limbo musical do Rock, relegado a apenas mero produto comercial no fim dos anos 90 graças a inumeras bandas que hoje nem me lembro mais, o rock (dizem) deu a volta por cima em 2000. Já estamos em 2007 e não mudou muita coisa de lá pra cá...

Como tudo na vida é um ciclo, o rock também já teve seus altos e baixos antes, com o big-bang-boom do Elvis Presley e que então foi apagada com as bandas dos anos 60 como os Beatles e entrou em decadencia no meio dos anos 70 com as bandas de rock progressivo que estavam pose demais e música de menos. Então acontece o segundo Big Bang com o Punk, que logo vira grife, entram os anos 80 e suas bandas New Wave todas coloridas ou Darks com seus sons obscuros. Chegamos nos anos 90 e temos a volta ao rock sujo do punk com o metal do Black Sabbath com o Grunge e todas suas bandas, que logo também viram moda. Ao mesmo tempo do grunge vêm a tona também o Hard Rock farofa dos Guns'n'Roses, que nos anos 90 entraram em decadencia (e faz uns 15 anos já que esperam o disco deles [deles eu digo o Axl]). Então, limbo. Nada de novo. O máximo que os anos 90 nos deram foi Radiohead e Oasis (o segundo de gosto duvidoso, é mais pose e baladinhas atualmente).

Então nos deparamos com o novo século, bug do milênio e essas coisas. Então eis que surge "a salvação do rock" com os Strokes. Depois deles surgem então várias bandas de Nova Yorke, como Interpol (e outras que provavelmente já voltaram pro limbo). Também surge, nos EUA, o White Stripes, revolucionando muita coisa. Essas eram nossas salvações. E até que salvaram, mas a que custo, já que hoje o mundo é dominado pelos emos e indies. Os mais pedantes são os Indies, os pseudo-intelectuais. Não nego, ouço bandas indies, tais quais Modest Mouse, Clap your Hands Say Yeah, Yeah Yeah Yeahs... CSS... Mas as atitudes perante o rock atualmente não são das melhores. Tanto que a banda com mais atitude revolucionária e herege é o Klaxons e mesmo assim são uns bastardos. New Rave? Ok. E quanto aos emos? Música pra adolescente, assim como o rock foi um dia, todo mundo deveria saber isso. Elvis não foi feito pra pseudo adultos de 23 anos de idade dançarem e sim para garotas de 14 anos gritarem pelo rebolado dele. Beatles era uma banda pra adolescentes também, mas graças a deus eles desistiram disso e pararam de fazer show. Emos são só a versão nova pra adolescentes. Vender sempre foi o forte do rock.

Mas como eu estou desviando demais e estou me tornando um cara chato, vamos falar do que interessa. Eu ultimamente li na Rolling Stone sobre as bandas novas que estão dominando as cenas. Klaxons, Long Blonds, Grizzle Bears, The Decemberists. Mas o que me chamou a atenção foi a atenção especial para a banda The Shins, ganhando a primeira página inteira da reportagem enquanto as outras bandas foram divididas em duas por página. Resolvi ver qual era a dessa banda. Me decepcionei. Encontrei foi só mais uma banda indie na qual não acrescenta muita coisa, talvez pela letra (sim, não li as letras). Mas não é uma banda pela qual me apaixonei, como foi com os Klaxons, outra banda na tal reportagem e que teve uma atenção muito pequena, uma banda que mescla disco com um pouco do punk contestador e com letras tiradas de livros que todo bom pós-punker inglês teria lido lá nos idos de 1977, mas antes de alguém falar alguma coisa é bom deixar claro que os Klaxons não se inspiraram nos anos 80. Pois é, se inspiraram nos anos 90 e 70 provavelmente, o que é o certo.
E já que estamos falando de bandas retros, lembremos do Bloc Party, banda essa liderada por Kele Okereke. Depois do primeiro disco permeado de influencias do pós-punk original, pitadas de glam e letras sobre a vida urbana da Inglaterra, veio o segundo disco, que vazou meses antes do lançamento e que mostra uma direção diferente pros Parties. É certo que há a antiga maldição do segundo disco, mas as que passaram até agora se mantêm fieis. Além do Bloc Party, há também o Futureheads que se manteve bem. Já não posso dizer isso sobre o Kaiser Chiefs (já que ouvi pouco o primeiro disco e nem encostei no segundo, mas ouvi criticas péssimas).

Pra completar nosso giro pela história, vamos falar de New Order. Ontem resolvi ouvir o disco dois do Substance e acabei me recordando do quanto eles eram bons. A transição de Joy pra Order foi gradual, mas eu simplesmente amo as faixas da transição do Movement pro Power Corruption and Lies (Procession, In a Lonely Place, Cries and Whispers [lá chamada de Mesh]). Mas entãou eu ouço as músicas atuais e não vejo mais o mesmo brilho de antes, mesmo com as faixas mais dances do Technique ou Republic.

A verdade é que eu sinto falta das músicas de verdade e são poucas que eu ouço hoje. Não que eu também viva reclamando, mas a cena precisa ser mudada. É o que eu espero.