sábado, 14 de julho de 2007

The Stooges - Fun House

The FUCKING Stooges
(Ou como fazer o disco de rock perfeito)

Exato. Disco perfeito. Imaginemos quatro garotos loucos de Detroit, uma cidade (na época) conhecida pelas corridas de carros, montadoras de carros, carros, carros. Uma cidade onde não acontecia muito (pelo que parece). Assim como a "biblia" (Please Kill Me) diz, Stooges foram a banda mais animal de todos os tempos. Iggy Pop era um insano afundado nas drogas e o caralho a quatro mas que cantava (e rolava) maravilhosamente bem, na guitarra e bateria os irmãos Ron e Scott Asheton respectivamente, um mais idiota que o outro (não me recordo qual, mas há as histórias nazistas deles) e no baixo Dave Alexander.

Bom, após o fracasso do primeiro disco (ironicamente mixado por John Cale, ex Velvet), os Stooges não sabiam o que fazer e eles entravam de cabeça (pelo menos Iggy Pop e Scott Asheton) nas drogas pesadas. Com toda a farra, drogas, mulheres e o roquenrou, o clima foi sendo lançado pra que os quatro patetas se jogassem no estudio pra gravar seu segundo disco, o Fun House [que era o codinome da casa na qual os Stooges moravam e que servia de quartel general (uma vez literalmente da qual eles tiveram que se esconder lá de uma gangue de motociclistas) pra eles. Lá havia a liberdade, já que eles não pagavam aluguel e a policia provavelmente não passaria por lá (periferia é foda)].

Agora, sobre o disco em si... porrada na orelha. Tente ouvi-lo com o volume baixo.
Tentou? Eu sei que você depois de dois segundo da introdução do disco subiu o volume pro máximo! É praticamente e um pecado não ouvir esse disco no talo pra você perder sua audição. Eu mesmo estou ouvindo agora no máximo e ainda assim queria mais alto porque meus ouvidos ainda não estão sangrando. Outra coisa dessa obra prima é o fato de não ter jeito algum de ficar parado pois todas as músicas são de uma energia incomparavel. A verdadeira e mais crua música dançante de todos os tempos. No disco você ouve solos de furar os timpanos, baterias primais, baixo no tom perfeito pra te dar uma dor de cabeça e as melodias vocais de Iggy na sua melhor (ou pior, depende do ponto de vista) e mais drogada fase, sem contar o sax de Steve McKay (nota: eu não apurei e eu acho que o nome tá errado). A música não foi criada pra fazer as pessoas dançarem? Se esse disco não fizer isso ou pelo menos te fazer vomitar, então você é uma pessoa triste e sem sentimentos e merece morrer. Sério. Every little babe knows what I mean.

Nos velhos moldes, faixa a faixa!

1 - Down on the Street: Melhor abertura de um disco? Talvez perca pro outro disco deles... Riff matador, canção fodástica sobre andar na rua onde os rostos brilham. Puro e verdadeiro rock.

2 - Loose: Pegue um disco de música bonitinha... hehehe. Letra sobre ser um largadão, riff hipnótico, bateria quadrada. Imagine Iggy pop numa sunga prateada coberto de glitter dançando nessa música!

3 - TV Eye: LOOOOOOOOOORD! O que dizer do ápice do minimalismo rock? Pouca letra, pouco riff e o conjunto funciona com pouco, muito pouco. E a música não vai sair da sua cabeça nunca. Serve pra todos os momentos (tv com a namorada, passeando com o cachorro, indo trabalhar, andando de carro, etc)

4 - Dirt: O hino do "Foda-se, eu sou uma merda e não ligo pra você". Você se aceita como é? Bom, Iggy estava sujo e não tava nem ai (e olha que isso não era pouco), então porque você liga? Música de sarjeta nota 10 pra todos os momentos.

5 - 1970: I feel alright! Um soco no cérebro num sábado a noite. Minha favorita depois de TV Eye. O sax no final da música é simplesmente perfeito (notem que nas próximas músicas o sax aparece bastante enquanto nas anteriores ele não aparece).

6 - Fun House: Um chamado da Fun House a todos os heartbreakers. Não sei como descrever essa música! É um jazz abluesado, com o sax penetrando nos timbres por estar num volume mais alto que o resto, iggy pop gemendo e a banda delirando. Uma trepada musical de 7 minutos. Não há o que dizer.

7 - LA Blues: Velvet underground introduziu ao mundo a microfonia (JAMC agradecem até hoje), mas puro lixo inaudivel foi introduzido por essa música e isso antes de Lou Reed se enveredar com o Metal Machine Music (já resenhado por aqui). Sabe quando uma banda de estádio segura o povo no final da música com um crescendo idiota e com todas aquelas paradinhas imbecis? Imagine isso mas desafinado, sem as paradinhas toscas e durando 4 minutos, berros e urros, guitarra (com wah-wah) e baixo sendo destruidos, bateria jazzistica sem noção e o sax num solo improvisado. Aliás, Improviso é a palavra chave dessa música. Se não estiver disposto ao puro som de lixo triturado, termine o disco na Fun House!


E sim, eu acredito que esse seja o penultimo disco de rock da história. O que veio depois é uma mera sombra ideológica do que o rock tinha que ser e ele morreu com os Stooges. É simplesmente tudo o que o rock se propos a ser e que nunca será sequer copiado. É o apice.
Beatles? Não são rock, são arte e eles não faziam nada do que o rock se propunha. Stones? Uns pilantras. Hendrix, Joplin, Morrison? Não me faça rir. Quando se fala de rock sempre se falam desses citados anteriormente, mas os caras mais puros da merda toda foram os Stooges.

E o ultimo disco? Ah, ele se chama Raw Power. Depois dele o resto é mero reflexo distorcido de uma cópia mal feita.