terça-feira, 1 de janeiro de 2008

L'art pour l'art

Nada melhor pra fazer, vou abrir uma excessão e mostrar ao mundo algo que mantenho guardado e não é algo cilindrico.

São poemas que escrevi a uns dois anos atrás:

Neurologia
(André/Kurt)


Paraíso visual das ondas invisíveis
Pode se transpor entre a realidade e ilusão
As ondas sonoras emitidas
Entre as batidas de minha distorção

As ondas me conduzem às portas de minha abstinência
De diferentes maneiras sempre acabo lá
Entre a embriaguez de minhas utopias
O que me alimenta são minhas ilusões

Perdido nessa vastidão de fluxos de pensamentos
Onde não se distingue os cacos de cristais
Prismas que enlouquecem e tiram a razão
Reflexos entre espasmos frios e duvidosos

Oh! Minhas raízes não me fixam
O mofo não suporta mais peso
Os sentidos não iluminam mais minha humanidade
Minha crença já é baseada no racionamento de minha mente

Insisto nas possibilidades humanas
Vivendo na ilegalidade de meus pensamentos
Verdades ocultas de mim mesmo
Como ser ilusório de inspirações


Playground de cinzas

Sei que entendo o livre conceito
Atrás de mundos, selva obscura
Saia de todos os tempos oblíquos
Divino panteão de monges do céu

Brinque por entre playground de cinzas
Crianças, vós não sabeis que são o Alfa,
E o Omega, e que todos morremos pra nascer
E sentimos pra queimar

Outono não nos perdoa na sombra da vida
Veias entupidas e artérias, hemorragias
Folhas secas que esmagamos por entre latas
Amarelo colorido e verde musgo entretido

Queria correr por entre as árvores e beijar as veias feridas. Queria entregar meu intestino aos rios e chorar nas mudas que morrem. Queria perder as esperanças por uma só vez. Pela última vez. Seguir os ventos que gritam, os rios que brincam nos vales e as árvores que acenam para o inferno. Seguir raios de sol e raios de energia, seguros enfermos que transitam em todos os sentidos. Perdido continuarei vagando no labirinto de meu Karma, condenado a perder tudo o que merece. Kamikaze lúdico de presentes lógicos. Prefiro viver perdido para entender onde estou, como cheguei e como sairei. e sairei aplaudido como mito, e todos me cumprimentarão com sorrisos verdadeiros pela primeira vez.


Ditador Se Faz Areia

I
São fúteis rascunhos de dor
Cabalísticos e astronômicos
Prazeres que desconhecerei pela eternidade
Semblantes de um paraíso que me escapa

Fez-se a cabeça ensangüentada
Caí, assim por dizer, ao sepulcro
De cabeça mergulhei por entre os riachos
Do vale em que a sombra da Morte me sorri

Não há demônio mais perdido que eu
Não nesse instante de pedante solidão
Faz-se o tremor de meio coração, selva de pedra
Cinza é meu céu, vermelha minha água

Acerta-me o estomago com toda a força
E arranque de mim o resto de esperança
Palavra inutilizada em mim por anos
Que agora perde o sentido pela milésima vez

II
Urubus saltitam felizes no céu
"Hoje teremos carne podre pro jantar"
É o ultimo suspiro do palhaço
Rei do lixo que ela incentiva a cultivar

“Faça-me comida incestuosa de pássaros,
Minhocas da terra eu haverei de ser"
E a ultima rajada entope meu peito
Somos aves do pobre capitulo sem fim

Marginais da esperança inexistente aqui hoje
Ah! Soubessem eles do futuro que me espera
Ela mereceria mais do que ela exita em pedir

"E o futuro que me aguarda é sagrado
Puro como a mais doce maça”, Eu repito
Mas meu mantra estava errado, o pecado me traiu.

III
Faça da vida sombra amarga de desejo
Ondas sonoras de quilates inversos ao teu
Se sujas minha honra e minha moral
Mostre-me tua alma como se fosse um livro
Quero sentir a tua sabedoria pro resto de minha vida
Me entregue todas as probabilidades inventadas
E os fios de cabelo com os quais morrerei enforcado
Por entre finais infelizes de episódios inversos
Traga o último gole, o último suspiro no qual te terei
Entregue por fim meu coração, pois tu me roubaste
Trapaceira! É essa a palavra errada que digo
No momento certo, justiça feita para quem não a queria

"Mate-me numa punhalada infernal", É o que te peço
"Pare de me envenenar!", Sucubus que quebra meus elos
"Mate-me de uma vez, seja misericordiosa
Pare de criar estigmas e paradoxos para me penetrar"
Meu posto de ditador da minh'alma era só meu
Mas Poderosa sua voz se fez, como um trovão
E calou singelamente meu mais primal grito
E no fim da tempestade eu era só mais uma vez
Mais um escravo das gotas que caiam de meu rosto
Só mais um

IV
E em uma palavra a descrevo, como incenso, como desejo, como paixão, como fogo.
E apagado eu fui.
Mas a palavra é uma só. Extinta, foi trazida de lá,
E começa com A.

V
E todos sorriam
E todos choravam
Trágico, absurdo
Como a vida exige
Como as flores persistem
Era só tu, mais bela rosa
Foi colhida não por mim
E assim choro todas as chuvas
E todos os poços
Caem todas as plumas
E todos os remorsos

Faz de mim estátua
Coração de pedra
De perda
De fábula

“Tu eras a última pétala de meu buquê
A ultima linha de meu crochê
Procurava por ti, agulha!
Era exatamente a peça final
E agora é um pesado fardo";
Como eu sempre martirizo
Fatos, acontecimentos passados!
Que caem em minha cabeça como bomba atômica, pesada radioatividade que queima meus neurônios e quebra meu coração e destrói minha visão, ó pura flâmula virginal, branca, azeda, criada entre pedras e percevejos para transformar-se na mais intensa viajem por entre os vastos e longínquos prazeres que eu hoje nunca mais conseguirei sentir ou ouvir falar de.

E agora a festa acabou,
Viva somente em meus sonhos
Que logo se tornarão pesadelos
E assim continuarei tolo

Peço por ti
Mantra sagrado
Clamo por ti
Não se esqueça
Quero a ti
Levante-me aos céus
Era assim...

VI
E agora?
Talvez,
Se Foi.

Nenhum comentário:

Postar um comentário