quarta-feira, 19 de março de 2008

Ascenssão e queda da Industria Musical e os Porcos da Terra

Pensa bem: a dez anos atrás você provavelmente estava em busca de algum cd novo em alguma loja. Eu provavelmente estava querendo comprar o "There Is Nothing Left to Lose" do Foo Fighters. Artistas eram inalcançaveis, sendo apenas vistos em programas de TV (Faustão, Chacrinha), MTV, shows. Você talvez nunca fosse ouvir uma música obscura do seu artista favorito ou sua música favorita de uma banda obscura, a não ser que você tivesse sorte. Se era assim a dez anos atrás, imagine a vinte, trinta. Alguns não precisam imaginar, mas eu as vezes preciso.

Só que a realidade é outra nessa era de P2P (peer to peer ou igual pra igual numa tradução literal). Hoje você consegue baixar uma música obscura dos anos 40 e uma música recém lançada com a mesma facilidade. É fato que isso deixou muito fácil o jeito de se ouvir música no mundo, com bilhões de canções a sua espera por apenas um clique. E com isso, o direito sobre como se poderia ou não vender ou mesmo distribuir um disco foi modificada. Músicas com copyrights não podem ser distribuidas sem a autorização do titular, e nem sempre é só a banda que controla seu catalogo. As vezes a empresa controla uma porcentagem.

Bem, isso acontece ainda hoje, mas estamos numa fase de transição. Pra citar exemplos, duas das minhas bandas favoritas largaram as grandes corporações e estão independentes:
O Radiohead lançou o In Rainbows na internet pelo preço que você quisesse pagar (inclusive £0, ou de graça). Apesar disso, as pessoas pagaram. O Radiohead afirmou que as vendas ultrapassaram as vendas de todo o catalogo deles na internet (ou seja, só o In Rainbows lucrou mais do que os outros discos juntos nas vendas online).
O Nine Inch Nails de Trent Reznor lançou, da noite pro dia, o disco Ghosts I-IV na internet. No site feito pro lançamento, havia a opção de baixar de graça as 9 primeiras, pagar pelo download, ou cd duplo, ou comprar a edição deluxe (com dvd, cd e mais um monte de coisinhas) ou a "Ultra Deluxe" (com vinil, dvd, cd, download, etc). Essa ultima opção custava $300 e haviam apenas 2500 cópias autografadas por Trent. Havia, pois esgotou tão rápido quanto promoção em supermercado. Outro fator marcante é que o disco foi lançado sob uma licença Creative Commons, o que é ótimo para divulgar um beneficio a cultura. Trent também lançou no Youtube um canal para um concurso de vídeos feitos com as músicas do Ghosts I-IV.

Esses dois exemplos demonstram o que a industria fonográfica, pelo menos a americana, não quer aceitar. O futuro está na internet. No Brasil o problema é que o acesso à internet é minusculo perto dos EUA e nós temos muitos problemas de corrupção, nosso estado não é unificado o suficiente. Não conseguimos resolver problemas de desigualdade social, apesar do vasto território que temos. E vou parar por aqui pois não é sobre isso que estou escrevendo. Mas, quanto a música, nosso país vai servir de exemplo ainda. Apesar dos inúmeros Calypsos e Nxzeros por aí, existe muita gente boa por debaixo dos panos, só esperando uma oportunidade pra tomar de assalto.

O que eu quero com tudo isso? Demonstrar que estamos num ponto de virada. A partir desse ano as coisas vão ser modificadas. Eras acabam e outras começam. A internet será o novo palco para a cultura, teremos muitas bandas distribuindo albuns inteiros e vendendo-os de diferentes maneiras e preços mais justos. Hoje, como a maioria de nós deveria saber, um artista não sobrevive apenas de suas obras. Ele tem que ter várias facetas e ter o famoso jeitinho brasileiro pra se virar. Essa nova postura que temos que tomar diante das situações no meio musical mostra como o Brasil se saíra melhor. Nós nascemos pra viver de bico e ser malandro. E nesse tempo de internet, é assim que se vive. A licença Creative Commons é a saída para que sua música seja distribuída com "alguns direitos reservados", de maneira que ninguém faça mal a você e ganhe em cima de suas músicas. As regras estão sendo mudadas e espero fazer parte dessa era de revoluções.

Talvez eu já esteja.

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