terça-feira, 27 de junho de 2006

Closer - Joy Division

Isolados e mais perto do que?
(o quarteto mágico de Manchester e o seu coração e alma)
Pra começar bem, vamos começar com uma das minhas bandas favoritas. Joy Division e seu líder Ian Curtis. Caso você não saiba, Ian Curtis se matou antes da banda atingir o estrelato, um dia antes da primeira turne americana do Joy Division. Com a morte do Ian, Joy Division se tornou New Order e o resto é história. E esse disco, o Closer, é o segundo disco da banda, foi gravado poucos meses antes de Ian se matar (por razões obscuras até hoje, uma das versões é que foi por causa da separação com a mulher e por causa de sua doença). O disco só foi lançado depois da morte dele, criando um grande mito em cima desse disco pelo fato de algumas letras serem um tanto quanto impressionantes quando se sabe do fim trágico do vocalista ("Essa era a crise que eu sabia que viria/Destruindo a estabilidade que eu mantinha" de Passover ou "Mãe eu tentei, acredite/Estou fazendo o melhor que eu posso" de Isolation).

História contada, vamos faixa a faixa:

1 - Atrocity Exhibition: Faixa tribal, a bateria impressiona logo de cara. As letras descrevem uma "exibição de atrocidades" como o titulo diz ("Por entretenimento eles assistem seu corpo se contorcer/Por tras de seus olhos ele diz: eu ainda existo"). A faixa é grande, com 6:06, mas isso não atrapalha nem um pouco. O titulo da faixa parece que vem de um livro de William Burroughs (o beatnik junkie), não tenho certeza disso.

2 - Isolation: Segunda faixa do disco, tem um clima mais eletronico e é uma faixa rápida, a menor do disco com 2:53. Linha de baixo simples, mas beirando a perfeição do sr. Peter Hook. Letra também é um caso a parte, com frases como a já citada acima e "Mas se você pudesse ver a beleza/Dessa coisas que nunca poderei descrever". Um dos pontos altos do disco.

3 - Passover: Como em todas a músicas do Joy Division, linha de baixo impecavel de Peter Hook, a guitarra de Bernard Sumner fazendo seu papel no segundo plano e a bateria sem falhas de Steve Morris. Junto a tudo isso, a letra dura de Ian, com frases como a citada acima e sobre pessoas que mudam sem razão alguma e sobre passar por desertos e areas desoladas mais uma vez.

4 - Colony: Pós-Punk de primeira nessa faixa. Pelo que parece, é sobre as crueldades sobre uma colonia (agora, qual colonia?). Música interessante, mas é a mais apagada dentro do conjunto.

5 - A Means to an End: Essa faixa me lembra bastante a faixa 2 do unknown pleasures (primeiro disco da banda), a Day of the Lords, acredito que seja pela cadencia e as notas das duas musicas serem parecidas. Letra interessante, no fim da musica ele canta "Eu coloquei minha confiança em você". Seria Debbie (viúva de Ian) dizendo isso pra ele?

6 - Heart and Soul: Outro ponto alto do disco. "Coração e alma/Um irá queimar" é o que canta Ian, numa interpretação crooner sombria, bem como a faixa por inteiro. A letra (como em todas as músicas do Joy) é importante: "Existencia - bem, o que isso importa?/Eu existo nos melhores termos que eu posso" e "Um abismo que ri na criação/Um circo cheio de tolos/Fundações que duram por anos/Então arrancadas pela raiz". O que me diz?

7 - Twenty Four Hours: Melhor linha de baixo do disco, 24 hours é mais um ponto alto. Procure a letra pra constatar o óbvio: Ian Curtis era o melhor letrista dos 80's (depois dele, só Morrisey).

8 - The Eternal: Se não a música mais sombria do disco, é a mais bem feita e por consequencia a melhor (na minha humilde opinião). O teclado me lembra muito a faixa-titulo do album Radioactivität do Kraftwerk. A letra tem uma história muito interessante: Ian, na infancia, tinha um vizinho com sindrome de Down da mesma idade que ele. O garoto ficava lá, atras das grades e do portão, aquele era seu mundo. O tempo passou, os dois cresceram, Ian se mudou e então um dia ele passou pela casa do antigo vizinho e viu que nada havia mudado e assim surgiu a inspiração para esta belíssima música, "O Eterno".

9 - Decades: Ultima faixa do disco, pra fechar com chave de ouro um disco impecavel. A primeir frase da música é a seguinte: "Aqui estão os jovens/O peso do mundo em suas costas". Interprete como quiser, diria Ian. O teclado dessa faixa, dizem por ai, foi "roubado" por Renato Russo na faixa "Eu era um Lobisomem Juvenil". Nada provado, vale ressaltar.

10 - Love Will Tear Us Apart (versão brasileira Herbert Richards): Pra quem não sabe, a versão do Long Play brasileiro do Closer vem com a famosa Love will tear us apart. A história é a seguinte, lá em 80, os discos do Joy Division não eram lançados por aqui e a versão brasileira era pirata. Quando a Factory liberou pra ser lançada aqui, eles resolveram que era uma boa idéia deixar a LWTUA. E assim ela ficou. Mas lembre-se, só no Long Play da Stilleto, no CD não existe.

E é isso, grande disco, grande obra prima dos 80's. Se você não ouviu, ainda há tempo (como diria o policial de um episódio do Chapolin).

Um comentário:

  1. Caramba, a sua resenha ficou perfeita! Adorei o texto, concordei com muita coisa que você disse sobre o disco. E essa história da "The Eternal" eu não sabia, que interessante...

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