domingo, 10 de setembro de 2006

Amnesiac - Radiohead

Empacotado como Sardinhas numa Latinha Amassada
(Brrrrr....)
Se com o OK Computer o Radiohead atingiu um certo status na imprensa mundial e então botou abaixo todos os conceitos com Kid A, no Amnesiac (o disco de hoje =D) eles simplesmente colocaram a cereja no topo. É a perfeição do Radiohead. É um disco introspectivo, gelado, distante. Esse disco é praticamente o disco irmão do Kid A. A capa mostra o quanto o disco é: fundo preto, o vermelho chamando a atenção e lembrando uma piscina ou agua, e uma pessoa no centro. É só imaginar. É um disco díficil de escutar, não é pop, mas também não é nenhum Trout Mask Replica. As influencias de NEU! e Can não são tão evidentes, mas estão por ai. Tem experimentação com música invertida, tem um novo jeito de percursão (que Thom andou usando no seu The Eraser, que por sinal é ótimo também), tem piano numa música com compasso quebrado, e por ai vai...
Mas como eu já disse anteriormente, o que me deixa triste desse disco é que ele é apagadissimo da discografia do Radiohead! Ninguém comenta nada sobre ele! Um disco tão bom... Pena que veio pouco tempo depois do Kid A, talvez seja essa a sina desse disco. É o meu favorito deles.


Faixa a Faixa:


1- Packt Like Sardines in a Crushd Tin Box: Em menos de 5 segundos você já tem noção do que esperar no disco. A faixa de abertura tem uma melodia, tem a percursão animal, bem mixada, tem Thom Yorke e tem Jhonny Greenwood. Precisa de mais alguma coisa pra começar bem?
2 - Pyramid Song: Ok. Após a abertura apocaliptica, temos a balada apocaliptica. Em um compasso totalmente extravagante, a música te leva pra viajar por um espaço vazio, quase que a sibéria. E então te entrega lentamente pra uma região cheia de montanhas. E então você vai caindo, e caindo, e caindo... até cair na água vermelha da capa.
3 - Pulk/Pull Revolving Doors: Isso que é um verdadeiro trabalho de mixagem. A percursão é envolvente, tem os efeitos sonoros ao fundo, a voz robótica e tudo mais. Onde mais se vê essas coisas hoje em dia?
4 - You and Whose Army?: Você e que exército? Baladinha violenta. O violão e o baixo fazendo um trabalho excepcional, melodia interessante. Preste atenção na mixagem da voz do Thom, parece abafada, dando um ar mais cansado à música. Então ela abre o leque e vai voando com a bateria e o piano. E então ela diminui e pousa. Sem avarias?
5 - I Might Be Wrong: Os pequenos detalhes fazem a diferença. A música começa um pouco pesada, com um sintetizador bem corrosivo. E após a primeira frase ele se apaga e só mantem a bateria e o riff de guitarra. E depois o sintetizador volta, fazendo alguns riffs. Músicalmente, isso é genial! Vocês não fazem idéia do quanto. Tem que saber o momento certo onde cada barulinho entra. E nesse disco o Radiohead soube perfeitamente como fazer.
6 - Knives Out: Essa música deveria estar no OK Computer. Assim eu acredito né. Não que ela seja ruim, mas é meio sem conexão com o resto do disco. Aliás, é uma música excelente. Mas no Amnesiac ela não fez muito sentido pra mim. Uma curiosidade sobre essa música é que dizem que demorou 373 dias pra ser gravada, pois eles achavam que tinha alguma coisa errada com a música. Ela é curiosamente a faixa mais rocker deles nesse século.
7 - Morning Bell: Sim. Esse é a ponte que liga Kid A ao Amnesiac. Os dois discos foram gravados ao mesmo tempo praticamente e essa música tem no Kid A, só que numa versão diferente. De acordo com a banda, Kid A e o Amnesiac são "gêmeos siameses separados no nascimento". E esse é o elo entre os dois. Gosto mais dessa versão do que a do Kid A. Essa é mais pirante.
8 - Dollars & Cents: Riff de baixo muito bom. Aliás, a faixa é bem construida, com todas as camadas de som. Mas não tenho muito o q falar dessa faixa =P. Só que ela é muito boa e tem uma performance vocal de Thom impressionante.
9 - Hunting Bears: Começa com um riff de guitarra meio oriental, então o baixo entra ao fundo e assim a faixa se segue pelos dois minutos mais bem aproveitados depois dos Ramones. A faixa segue bem o seu título, parece uma caça mesmo.
10 - Like Spinning Plates: Ah, essa daqui é interessante. De acordo com a banda, o que se segue nessa música é a faixa I Will (do disco Hail to the Thief) tocada ao contrário. Até ai, ok! Mas Thom fez questão de cantar a música, então tocou ela ao contrário, decorou como se cantava ao contrário e então regravou e inverteu de novo. É por isso que a voz dele é meio estranha... Quem mais fez isso por ai???
11 - Life in a Glasshouse: Como seria a vida numa estufa? A faixa começa com um loop básico e então entra uma melodia jazz, meio cabaré noir, com direito a uma seção de sopros. É uma faixa muito poderosa, de quebrar o coração em milhões de pedaços e depois pisar em cima pra não sobrar nada. E os trompetes e tubas e flautas etc... depois dessa faixa, a única coisa que você vai querer fazer é dar repeat no disco.
Esse disco recebeu muitas criticas, e como eu já disse ele foi lançado pouco tempo após o Kid A (o que não é muito prudente por motivos de vendas e toda essa baboseira das gravadoras) e com a péssima fama de Kid B (por dizerem que contem as faixas rejeitadas pro Kid A, como a Pyramid Song que era tocada em shows antes do Kid A ser lançado). Mas então, porque não lançar um cd só? Thom Yorke te responde: "São duas coisas separadas por não poderem correr na mesma linha ao mesmo tempo. Eles se cancelam como uma coisa só. Eles vem de dois lugares diferentes, eu acho... de alguma maneria estranha, eu acho que o Amnesiac dá uma outra visão do Kid A, uma forma de explicação." Ele diz. "Alguma coisa traumática está acontecendo no Kid A, e isso é olhar pra trás para aquilo, tentando entender o porque daquilo ter acontecido. Ouça o Kid A depois de ouvir o Amnesiac, e então acho que você irá perceber."
Preciso dizer alguma mais alguma coisa?

2 comentários:

  1. Cara, o Amnesiac é o que eu "menos venero, idolatro e pago pau" entre os 3 álbuns da 'trilogia do post-rock' do Radiohead. Mesmo assim, gosto muito muito dele. Destaco as músicas Dollars & Cents, Knives out, Pyramid Song, You and whose army e I Might Be Wrong. O 'remake' de Morning Bell ficou melhor que a original.
    Eles conseguem criar uma atmosfera sonora fantástica nesse álbum. É um disco bem denso e complicado de gostar à primeira ouvida, mas depois que o ouvinte se acostuma, ele revela todo o seu poder.

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