segunda-feira, 15 de outubro de 2007

In Rainbows 2

Review direto, primeiro as músicas, depois a história! A música é muito mais importante.

Primeiro deixo claro que Radiohead é ainda a melhor banda do mundo. O novo século que se iniciou com Kid A e a obra prima dos 00's agora vê a devolução sonora do Radiohead no In Rainbows. Não há como negar: é puro Can. Pelo menos o estilo da bateria e de como Thom canta. A primeira faixa (15 Steps) nem tanto, mas Bodysnatchers, a segunda do disco, é claramente visivel a inspiração em Can (principalmente no 1969 Delay). Se antes não dava muito pra distinguir (no Kid A/Amnesiac vemos mais uma influencia sonora de Eno e Jazz e no Hail to the Thief há uma coisa mais ligada ao passado pop com a incoporação experimental do Can), agora sim Radiohead está nu para o Can. Chega de falar nos alemães, down to it.

A voz de Thom parece ter amadurecido 200% desde o Hail to the Thief, muito estranhamente. Não sei se os arranjos que couberam na sua voz ou o contrário, mas o casamento foi perfeito. A Weird Fishes/Arpeggi é uma das faixas que mais me lembram o Krautrock e 15 Steps é algo que Thom poderia ter colocado no seu album solo The Eraser. Fico imaginando também se Faust Arp teve seu nome inspirado na banda (também de Krautrock) Faust. Quem sabe? De acordo com a wikipedia, é mais baseado na lenda alemã do Fausto (aquele que fez o pacto com o Diabo e vc já o deve ter visto no "Chaves" no espisódio do Chirrin Chirrion) e Arp vem de Arpeggio.

Mas dedico um parágrafo só pra falar sobre a música mais linda do ano, uma das mais lindas da história do rock e mais uma do Radiohead: VIDEOTAPE. O piano tão simples provando que não precisa inventar muito, a bateria meio estranha, a voz de Thom no seu auge, tão perfeito quanto na Life In a Glasshouse. A letra é tão linda, uma obra prima da modernidade caótica que vivemos hoje (Você é meu centro / Quando eu giro / Sem controle no videotape). E a música não deslancha como as outras 5 faixas finais dos outros discos (desde The Bends), pelo menos não como Life In a Glasshouse, mas ainda assim tem toda a tensão que se necessita pra uma música perfeita. No post abaixo eu coloquei o video ao vivo dela, é um pouco diferente da versão do disco, mas não tira o mérito de nenhuma das duas.
Pra terminar esse paragrafo:
"You shouldn't be afraid
Because I know today has been the most perfect day I've ever seen."


E se você já não sabe:
In Rainbows, 7º disco do Radiohead que foi lançado no dia 10 de Outubro apenas no site do disco (inrainbows.com), site esse no qual você pode comprar o disco e pagar o quanto quiser por ele (dizem que o preço médio foi de £1 e vendeu 1.2 milhões) já pode ser considerado uma revolução mundial na maneira de vendas de discos na industria musical. Como disse um executivo para a Time: "Se a melhor banda do mundo não quer uma parte de nós, eu não sei o que restou para esse negócio."

E assim se inicia mais uma grande batalha, essa sem previsão de mortos e feridos no caminho. Se hoje, pelo menos no Brasil, vemos a pirataria vender de tudo um pouco enquanto os artistas grandes se contentam com a hipocrisia de dizer que não há como baixar os custos dos discos e que se deve comprar um disco original por 30 reais numa loja especializada, provavelmente com o lançamento desse disco poderemos compreender o efeito da falta de lançamento físico de discos. Uma banda não vive mais de discos, e se ela não gosta de fazer show que desista desse ramo pois não faz arte nem faz de coração pras pessoas.
Os Beatles puderam parar de fazer shows, hoje a sua banda não pode mais se dar esse privilégio.

E afirmo:
In Rainbows será, sem dúvida, o melhor disco de 2007.

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